sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Rindo de Nervoso

Não é meu intuito ser invasiva, mas gostaria de explorar nesse texto breve  a expressão da professora Luísa em uma de nossas aulas.Ao ouvir sobre o atual estado psicológico dos futuros historiadores seguiram-se dois segundos em que ela arqueou as sobrancelhas e inclinou o queixo transparecendo dúvida me incitaram a trazer os seguintes levantamentos:

Svetlana Boym, em "Mal estar na nostalgia" separa esse sentimento em duas categorias deveras interessantes. Ao tipificar essa emoção humana, a autora faz algo brilhante, e acredito, o principal desafio da historiografia, uma análise de algo profundamente existencial, abstrato, mas profundamente palpável. A genialidade se dá justamente nesse processo de nomeação, pois, ao mesmo tempo em que  fala das  interferências destes estados da alma no coletivo ela atinge um aspecto fundamental de nós leitores, sujeitos nostálgicos do século XXI. Acredito, que o  crescente aumento de suicídios entre os estudantes dos cursos de história encontre nesse aspecto do texto historiográfico uma das muitas possíveis explicações. Abaixo, reproduzo alguns memes que encontrei ocosionalmente, enquanto estava de bobeira no Facebook, e que após a leitura de "Mal estar na nostalgia" vestiram uma outra roupagem de memória. Estamos deprimidos porque estamos exaustos. Para além ônus psíquico gerado pelo fluxo gigantesco de informação, comum a todos os sujeitos da globalização, adquirimos, temos o gerado por nos propormos refletir sobre as condições teóricas dos nossos processos de formação de memória. Até mesmo uma simples "zapeada" no facebook traz uma reflexão crítica. Não a toa tenho visto vários e vários estudantes de humanas compartilharam frases irônicas, onde o riso só é possível porque se insere em um desespero coletivo. Frases como  " só queria dormir por uns anos" "alguém sabe se é possível algum tipo de congelamento artificial?" " só queria dar um pause na vida" tem sido muito recorrentes no meu feed.
A nostalgia restauradora, tem uma tendência a espacializar o passado, como se ele fosse um lar ao qual é possível retornar.  Relaciona-se com grandes tópicas narrativas, e utiliza-se dela para preencher um vazio e insatisfação com o presente memória fabricadas em profunda afetividade.

A nostalgia reflexiva, por outro lado, parece se nutrir coletivamente pelo anseio de não estar no presente. Profundamente irônica, critica o passado e não namora com uma possibilidade do seu retorno.

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