quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Entre inícios e fins: Ailton Krenak e a crise climática planetário


Ailton Krenak inicia o livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, convidando para uma reflexão sobre o processo de colonização. Esse processo, que possui a dimensão territorial, conta com a colonização do imaginário, uma vez que legitimou a dominação de vários grupos sociais com o discurso de estar levando esclarecimento à mentalidades atrasadas/obscurecidas.
Nesse livro, o líder indígena chama atenção para o fato de que os processos de criação e invenções, desdobramentos da própria existência e da liberdade, estarem nublados no que considera servidão voluntário; isto é, ao estilo de vida que temos hoje em dia, que possui a face de livre arbítrio, mas que responde aos estímulos de uma macro-política que organiza nossas experiências neste mundo, por meio de uma narrativa globalizante e superficial, pautada na razão. O modelo de progresso, propõem, na verdade, uma abstração civilizatória, que é fundamentada na negligencia de pluralidades, tornando todos os indivíduos iguais. Ao contrário das organicidades indígenas.
Diante desse cenário, faltam perspectivas diante das crises e que não possibilita enxergarmos o que está faltando. A falta de experiência enquanto comunidade (comum-unidade) é suprida pelo consumo e que está diretamente ligada à crise ambiental planetária. Nosso tempo, portanto, é marcado por um tempo de ausências.
Ausências essas que influenciam diretamente para os sentimentos de intolerância, com povos que possuem outros tipos de organizações sociais, como no caso de Ailton, os Krenak. Ausências que são supridas pelo estímulo de sensação de fim de mundo, desestimulando a possibilidade de sonhar, que é enxergada como uma possibilidade de manter a energia para seguir caminhos e outras construções.
Entretanto, existem caminhos a serem seguidos. O fim do mundo talvez seja o fim desse mundo racializado e heterogêneo, por talvez tenha esteja sendo enxergado como sem soluções, uma vez que nosso imaginário é colonizado. Mas para possibilitar sonhar, Ailton diz que é preciso ouvir histórias, daqueles grupos onde a visão de fim poderia estar presente mas que foi adiada diariamente com muita resistência.
A partir de uma mobilização comunitária, o movimento “Deixa a onça beber água limpa”, por exemplo, busca a reconfiguração socioeconômica e ambiental da região do Ribeiro de Abreu, localizada no norte/nordeste de BH, reivindicando a organização dinâmica do espaço. Depois da desocupação por conta dos riscos de alagamento muitas casas saíram e decidiram criar um parque ciliar para que não houvesse chances de reocupação. O movimento acontece com apoio do COMUNPRA, em apoio aos âmbitos de poder público para a recuperação das águas.



O tempo atual consome nossas subjetividades a medida que impede estarmos em movimento para a superação de crises, que envolve a liberdade para inventar, respeitando as diferenças que cada um possui e a possibilidade de nos atrairmos pelo não igual.

A homogeneidade tira a alegria de viver.

Ailton convida a repensar que o deslocamento retira o sentido, que nesse caso, é a retirada da zona de conforto com a cultura dominante estava inserida. Mas enxerga também uma possibilidade de despertar para outra consciência, entrando em comunhão com a Terra, uma vez que esses impactos atingem a todos de forma transversal. Nesse sentido, parte também de uma necessidade de entender as necessidades do próprio meio ambiente, onde as relações de hierarquização também são refletida.


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