quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Nostalgia e apropriação



            O imediatismo, a perda causada pela aceleração, a virada do século e o advento da tecnologia são fatores que contribuem para o imaginário de um passado repleto de grandes feitos que se perdeu no curso do tempo. O crescimento das extremas direitas, o pedido pela volta da ditadura e o apego pelo passado são exemplos claros dessa retomada nostálgica e de certo modo, sintomática, que estamos vivenciando.
            A mídia apoderou-se do passado, desencadeando em uma cultura de massa, que juntamente com a onda nostálgica, encontrou nele uma forma de lucro e apropriação por parte de produtos e produções cinematográficas. De certa forma, essas apropriações tiveram como papel a compensação dessa emergência exacerbada de saudosismos, de um lado há a compensação saudosista e do outro há o lucro e a produção massificada. Como no caso da volta do vestuário retrô, o que é vintage é chique e está na moda e, por consequência, vende mais. 
Portanto, essa ocupação do passado como um local de magnificência e conforto traz em questão a ideia de uma nostalgia artificial, onde a memória é dada de forma trivial e glamourizada, ou seja, há uma mitificação em torno do passado, de modo que ele é retratado de maneira superficial, com distorção dos fatos e criação de novas narrativas, como no caso dos romances, das séries, filmes, novelas e outras produções midiatizadas que contribuem e contemplam o imaginário nostálgico dos indivíduos nesse século marcado pela aceleração.

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