quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Memórias de passado ou memórias de futuro?



            Andreas Huyssen, em “Seduzidos pela Memória“, nos aponta um panorama de futuro aberto e de uma certa fissura pelos tempos passados estáveis. A partir de grandes traumas, a História surge como possibilidade de memória – principalmente coletiva – ao passo que as tecnologias nos prendem a esta perspectiva de futuro aberta. Já não somos mais aqueles jovens sonhadores da década de 1960, em que o futuro era um projeto a ser construído. Somos jovens angustiados, vivendo em meio à estática do presente e a incerteza de futuro.
            Neste ponto, me chama a atenção o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Como pode, a partir dos termos da disciplina histórica, pensarmos um museu sobre o futuro? O espaço cibernético oferece aparatos para pensarmos possíveis meios de produção de memória, no entanto, a obsolescência é uma realidade do século XXI. A memória, no espaço virtual pode se perder com a evolução das tecnologias de armazenamento. Se antigamente, os documentos eram gravados em disquete e estes representavam a novidade de armazenamento de dados, hoje não quase encontramos mais máquinas que leiam este tipo de dispositivo. Novamente, recorro ao Museu do Amanhã para pensarmos esta questão: a musealização do futuro – no caso do referido museu – busca evidenciar, entre outros fatores, a crise climática, ou seja, o futuro incerto e aberto está dentro de um museu.
            O futuro pode ser pensado como um disquete, que para nós soaria como novidade e incerteza, porém, em algumas gerações, torna-se obsoleto. Do mesmo modo em que o disquete se tornou obsoleto e as gerações mais novas nem sabem da existência deste tipo de recurso, o futuro em que estamos em projeção também se torna obsoleto. Huyssen finaliza sua reflexão de como pensarmos memórias em meio a este futuro aberto e não chega a conclusões. Caberá à História musealizar o futuro? Este fato, descobriremos, talvez, nos próximos capítulos da História humana.

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