Andreas Huyssen,
em “Seduzidos pela Memória“, nos aponta um panorama de futuro aberto e de uma
certa fissura pelos tempos passados estáveis. A partir de grandes traumas, a
História surge como possibilidade de memória – principalmente coletiva – ao
passo que as tecnologias nos prendem a esta perspectiva de futuro aberta. Já não
somos mais aqueles jovens sonhadores da década de 1960, em que o futuro era um
projeto a ser construído. Somos jovens angustiados, vivendo em meio à estática
do presente e a incerteza de futuro.
Neste
ponto, me chama a atenção o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Como pode, a
partir dos termos da disciplina histórica, pensarmos um museu sobre o futuro? O
espaço cibernético oferece aparatos para pensarmos possíveis meios de produção
de memória, no entanto, a obsolescência é uma realidade do século XXI. A
memória, no espaço virtual pode se perder com a evolução das tecnologias de
armazenamento. Se antigamente, os documentos eram gravados em disquete e estes
representavam a novidade de armazenamento de dados, hoje não quase encontramos mais
máquinas que leiam este tipo de dispositivo. Novamente, recorro ao Museu do
Amanhã para pensarmos esta questão: a musealização do futuro – no caso do
referido museu – busca evidenciar, entre outros fatores, a crise climática, ou
seja, o futuro incerto e aberto está dentro de um museu.
O futuro
pode ser pensado como um disquete, que para nós soaria como novidade e
incerteza, porém, em algumas gerações, torna-se obsoleto. Do mesmo modo em que
o disquete se tornou obsoleto e as gerações mais novas nem sabem da existência
deste tipo de recurso, o futuro em que estamos em projeção também se torna
obsoleto. Huyssen finaliza sua reflexão de como pensarmos memórias em meio a
este futuro aberto e não chega a conclusões. Caberá à História musealizar o
futuro? Este fato, descobriremos, talvez, nos próximos capítulos da História
humana.
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