domingo, 17 de novembro de 2019

Homens livres, homens dependentes

A autora Ewa Domanska traz a discussão acerca da separação que as humanidades fazem em relação a História Natural e História dos Homens, como se estas fossem campos completamente distintos e independentes. Textos como este nos tiram de nossa zona conforto ao nos questionar principalmente os limites teóricos que nos cercam. Esse limite é percebido a partir de uma teoria que não é capaz, ou que ainda não é capaz, de dar conta das demandas atuais, principalmente da relação do ser humano com seres não-humanos. Onde a separação hierárquica entre ambos, cada vez mais se desfaz. O ser humano é parte integrante da natureza e não apenas um protetor que vive a partir de sua utilização e a margem de seus problemas. Não acredito que algum dia houve a separação completa entre esses dois tipos de história, de formas diferentes, elas acabam por convergir e influenciar uma a outra. O que muda na verdade é a consciência e a percepção disto. O impacto da ação humana tem se destacado na natureza, os nives de poluição, desmatamentos e desastres naturais são alarmantes. A geografia e os limites territoriais não são capazes de conter qualquer destes fenômenos, de modo que, isso torna-se problema de todos. Propõe-se então que não é possível mais pensarmos apenas no micro, é necessário pensar no macro, nas grandes questões. Não é possível ignorar problemas apenas por limites geográficos ou por região na qual ele ocorre, por que quando se diz em consequência desses problemas não há um limite geográfico, suas dimensões podem ser globais.  O ser humano então, que talvez um dia se viu independente e superior a natureza, colocando-se até como seu guardião (não que tenha feito isso bem), começa a se ver como parte integrante e dependente e até mesmo sujeito à natureza. Vejamos, por exemplo, a formação de uma cidade próximo a um rio ou como no caso de várias cidades mineiras próximo a minas de metais preciosos, essa formação se da muito mais pela condição geográfica natural do que pela vontade do grupo que se instala. Logo essa crença de independência, e principalmente, liberdade em relação ao espaço natural não se concretiza. Não somos livres em relação ao ambiente, da mesma forma que somos capazes de transformá-lo, ele também é capaz de nos movimentar. Este movimento não esta inserido em uma relação equilibrada, cada hora tende a pesar para um lado, mas sempre há uma conexão ou um troca de realidade. Portanto mesmo que queiramos acreditar que somos livres não podemos nos esquecer das influências que recebemos do nosso habitat e como este nos transforma. 

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