Neste meu último semestre da graduação, resolvi fazer o Enem para testar meus conhecimentos ao fim da faculdade. Surpreendo-me com uma
questão de Geografia falando sobre como o ser humano modifica o mundo a ponto
de cientistas estarem considerando que vivemos no Antropoceno.
Chakrabarty, em “O Clima da História: Quatro Teses”, aponta
para a humanidade, a partir do conceito de Antropoceno, como agentes
geológicos, ou seja, estamos causando mudanças no meio ambiente que, mesmo que
os humanos desaparecessem da Terra, os impactos seriam ainda sentidos pelo
planeta. A partir da Revolução Industrial, começamos a queimar combustíveis
fósseis – primeiro o carvão e depois petróleo e gás – a fim de garantir certa “liberdade”
proposta pelo Ocidente. A resposta está sendo sentida: mudamos a química do
solo, respiramos 42% mais de SO2, aumentamos a temperatura dos mares e
continuamos degradando o meio ambiente.
A conta chegou. Como endividados despreocupados, consumimos
plástico, gasolina, petróleo como se não houvesse amanhã. Porém, o amanhã já é
hoje e o hoje é de sentimento generalizado de catástrofe sem volta! Porém, há
os que negam a crise climática: na ONU, o presidente do Brasil aponta para os
altos índices de conservação da Amazônia (que está ardendo em chamas); nos EUA,
Trump flexibiliza as leis de emissão de metano, favorecendo as grandes
companhias de petróleo e gás; na sociedade civil, enquanto o delírio toma conta
de alguns, outros nem parecem se preocupar com o fim do mundo que já é sentido.
O futuro é de catástrofe, o presente é estático e não passa.
A História precisa enxergar a Natureza como agente determinante no curso da
humanidade. A espécie está ameaçada, de acordo com o autor indiano. No entanto,
quantos indivíduos ainda não são nem considerados humanos? O Ocidente
exterminou negros e populações originárias há no mínimo 500 anos e todos
pagamos o pato pela crise climática? A História irá responsabilizar os causadores da crise climática?
Enem 2019: o Antropoceno entra em questão, em meio a um
governo despreocupado com o meio ambiente. A conta estourou e o cartão deve ser
quebrado. Não há mais crédito com o planta, mas sim dívidas crescentes.
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