Teoria, método e rigor. Ferramentas
indispensáveis para a historiografia, formadoras dos pilares da fundamentação
científica que é tão característica do historiador. Mas afinal, o que faz um
historiador? Faz a própria história, ou é responsável por escrevê-la apenas?
Michel de Certeau, em seu texto “Operação Historiográfica” faz uma análise deste lugar social do historiador, buscando elucidar algumas destas questões que pairam no ar sobre nossa profissão. Ele discorre, principalmente sobre esta nossa formação metodológica.
O
historiador possui esse não-dito formado pelo lugar, a temporalidade, as formas
do discurso, nessa teorização e interpretação inconsciente que faz ao longo de
sua escrita. Esse lugar social do historiador não é
exclusivamente uma instituição acadêmica, por exemplo. Trata-se da comunidade
de pesquisadores, a profissão, formando uma particularidade.
Em
nossa formação somos ensinados a pensar teoricamente como historiador, a agir
metodologicamente como historiador e a escrever como historiador, onde estudamos,
por exemplo, sobre o Tempo e sobre a alteridade das fontes. Aprendemos a não cometer
anacronismos e a sermos críticos, onde o que nos guia é esse conjunto entre a
teoria, a metodologia e a escrita da história. O que nos permite a qualquer
hora escrever uma história é o fato de que aprendemos a pensar
historiograficamente, teorizando e agindo metodologicamente, pois fomos
moldados a pensar e fazer relacionados ao método histórico.
Mas,
em algumas ocasiões indago-me até que ponto esta formação nos limita enquanto
agentes deste meio social, uma vez que, majoritariamente escrevemos para a academia.
É minoria absoluta os textos historiográficos que têm fundamentação teórica e,
ao mesmo tempo, se preocupa em se fazer entender em meio aos academicamente
leigos. É nesse cenário de distanciamento entre a academia e a sociedade que
abre-se espaço para essa explosão de “história-estéticas” feitas, muitas vezes,
sem qualquer compromisso com a veracidade dos fatos.
Como podemos produzir conhecimento e ao mesmo
tempo este ser inacessível a uma grande camada da sociedade? Qual o sentido em
produzir conhecimentos de um jeito que a sociedade quase não consome? Seria
essa a abordagem da política direita brasileira, fazer-se entender, mesmo que
sem fundamentação teórica? Qual o papel do historiador neste fazer-se entender
popular? Tais questionamentos me vêm a mente em uma tentativa de pensar em
soluções para esta nova realidade social.
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