quarta-feira, 27 de novembro de 2019

O Tempo é



Dias, meses, semestres... Quando percebemos, mais um natal está de volta e o ano já se passou... Quem nunca ouviu a expressão “O tempo voou”?  Às vezes me pego pensando: como podemos lidar com esta aceleração toda? Cada dia mais, vivenciamos o distanciamento entre o que Koselleck chamou de Espaço de Experiência e Horizonte de Expectativa. A cada mudança, advinda da modernidade, nos sentimos menos representados pela vivência de nossos antepassados e, consequentemente, as gerações futuras se sentirão ainda menos representadas por nossas experiências.

O tempo: nos dedicamos tanto a tentar entendê-lo e a explicar sua relação com a história que, ás vezes, nem nos damos conta do quão rápido ele passa para essa geração moderna e, concomitantemente, como se passa devagar em sociedades menos “conectadas”. Qual a razão dessa diferenciação? Tem-se mais de um tempo ou o que muda é apenas nossas percepções sobre sua passagem? 

Nessa conjuntura, insere-se a discussão a respeito da temporalidade na sociedade moderna: como o paradigma tecnológico da informação está modificando o nosso entendimento de tempo, visto que, estamos vivendo em uma comunidade midiatizada que venera o imediatismo e, majoritariamente, não se preocupa em aprender com o passado? Tal pensamento torna-se ainda mais nítido, quando compreendemos que o progresso tecnológico viabilizou a construção de um espaço global sem fronteiras, redesenhando o sentido de tempo-espaço para o sujeito, além de permitir a explosão dessa multiplicidade de narrativas rasas.

Muitas vezes, ao não sabermos lidar com tamanha mudança e aceleração, o que percebemos é o surgimento da nostalgia como ponto de apoio ou, em extremos, como tentativa de resgate do passado, o que pode, por sua vez, ter consequências extremamente negativas, uma vez que esta pode vir acompanhada de discursos fascistas. 

O tempo, dessa forma, se mostra muito mais desafiador do que já é conseguir defini-lo. Ele representa as diferenciações históricas entre sociedades, ele marca acontecimentos históricos e separa gerações. Composto pela mistura de passados, futuros e presente, o tempo nos amedronta, contudo, inevitavelmente vai continuar a nos instigar... Mas será que conseguiremos, em algum momento, vivê-lo sem a pressão de não o estarmos perdendo?

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