terça-feira, 26 de novembro de 2019

O mundo vai acabar, ou acabaremos com ele antes?


“O munda vai acabar em 2012!” Embasados na teoria do fim do calendário Maia, essa foi uma das grandes manchetes de jornais e revistas do referido ano. Mas, ao analisarmos as questões ambientais e ecológicas, percebemos que, mesmo que não tenhamos uma data definida, o mundo está, de fato, acabando. A cada dia que passa, esgotamos ainda mais os recursos naturais, a camada de ozônio se afinando a um ritmo assustadoramente elevado, a temperatura da Terra nas alturas, e por ai vai...

Estamos em pleno Século XXI e o homem ainda não se deu conta de que somos parte da natureza e que, ao destruir o planeta, estamos destruindo a nós mesmos. Esse distanciamento colocado entre os humanos e os outros seres vivos faz com que pensemos sermos indestrutíveis, que temos a capacidade de nos adaptarmos... Mas não seria o contrário? Não seria a natureza capaz de se reinventar e continuar a perpetuar-se, mesmo sem nós?

A abordagem trazida por Ewa Domanska sobre o naturalismo, que engloba esse egocentrismo de, ora nos sentirmos inatingíveis, ora nos sentirmos heróis e únicos capazes de salvar o planeta, nos faz repensarmos nossa relação com a natureza, onde ela nos coloca em cheque com nossas perspectivas sobre tal relação. Precisamos entender que a natureza não está apenas a mata nativa protegida por órgãos de preservação ambiental, a natureza também é o terreno baldio ao lado de nossa casa, onde as plantas nascem sem restrições e onde insetos e outros animais continuam a viver. E, apesar de majoritariamente não nos enxergarmos assim, o homem é animal, mamífero, e também é parte deste sistema...

Ao pensar sobre estas questões, nesse cenário de mudanças climáticas e a relação homem-natureza, me esbarro com as colocações de Chakrabarty sobre essa nova experiência da temporalidade, onde tem-se uma inversão dos papéis, com a natureza mudando mais rápido que a sociedade e o futuro, se tornando cada vez mais incerto.

Mas como as ciências sociais e humanas poderiam lidar com essa agência geológica do homem sobre a natureza? Como podemos sair desse pedestal que nos colocamos em relação aos outros seres vivos? Como a natureza reagiria sem nós? Eis algumas das questões que me faço e que precisamos discutir e levar adiante para pensarmos em possíveis soluções à essa destruição constante que fazemos na natureza, em nós mesmos...


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