“O munda vai acabar em 2012!” Embasados na teoria do fim do
calendário Maia, essa foi uma das grandes manchetes de jornais e revistas do
referido ano. Mas, ao analisarmos as questões ambientais e ecológicas,
percebemos que, mesmo que não tenhamos uma data definida, o mundo está, de
fato, acabando. A cada dia que passa, esgotamos ainda mais os recursos
naturais, a camada de ozônio se afinando a um ritmo assustadoramente elevado, a
temperatura da Terra nas alturas, e por ai vai...
Estamos em pleno Século XXI e o homem ainda não se deu conta
de que somos parte da natureza e que, ao destruir o planeta, estamos destruindo
a nós mesmos. Esse distanciamento colocado entre os humanos e os outros seres
vivos faz com que pensemos sermos indestrutíveis, que temos a capacidade de nos
adaptarmos... Mas não seria o contrário? Não seria a natureza capaz de se
reinventar e continuar a perpetuar-se, mesmo sem nós?
A abordagem trazida por Ewa Domanska sobre o naturalismo,
que engloba esse egocentrismo de, ora nos sentirmos inatingíveis, ora nos
sentirmos heróis e únicos capazes de salvar o planeta, nos faz repensarmos
nossa relação com a natureza, onde ela nos coloca em cheque com nossas
perspectivas sobre tal relação. Precisamos entender que a natureza não está
apenas a mata nativa protegida por órgãos de preservação ambiental, a natureza
também é o terreno baldio ao lado de nossa casa, onde as plantas nascem sem
restrições e onde insetos e outros animais continuam a viver. E, apesar de
majoritariamente não nos enxergarmos assim, o homem é animal, mamífero, e também
é parte deste sistema...
Ao pensar sobre estas questões, nesse cenário de mudanças
climáticas e a relação homem-natureza, me esbarro com as colocações de
Chakrabarty sobre essa nova experiência da temporalidade, onde tem-se uma inversão
dos papéis, com a natureza mudando mais rápido que a sociedade e o futuro, se
tornando cada vez mais incerto.
Mas como as ciências sociais e humanas poderiam lidar com
essa agência geológica do homem sobre a natureza? Como podemos sair desse
pedestal que nos colocamos em relação aos outros seres vivos? Como a natureza
reagiria sem nós? Eis algumas das questões que me faço e que precisamos
discutir e levar adiante para pensarmos em possíveis soluções à essa destruição
constante que fazemos na natureza, em nós mesmos...
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