terça-feira, 8 de outubro de 2019

Pipoca – Texto – O Retorno do Fato 

Pierre Nora, no seu texto, está preocupado, dentre outras coisas, mas de forma central, de como escrever a História Contemporânea, ou seja, como escrever uma História mais próxima do presente. Essa contemporaneidade, segundo o autor, guarda especificidades que a distingue da forma como o evento/acontecimento era processado nos outros períodos. 
Nesse sentido, a modernidade, através da democratização do espaço público via mídias sociais, em especial a televisão, cria uma instabilidade na antiga forma de processamento do que seria História. Se antes o fato “acontecia”, era trabalhado pelo Historiador e só após era interiorizado como tal, agora o fato em si já se torna evento/acontecimento inscrito na consciência da população através da reprodução massiva de imagens e vídeos. 
Entretanto, se agora o acontecimento, seu processamento e sua análise não são de exclusividade do Historiador, a quantidade de informação disponível nem sempre de forma coordenada pode menos orientar e mais confundir; o 11 de Setembro seria, talvez, o melhor exemplo, pois o que além de desinformar e reforçar o estereótipo do terrorismo e vender a imagem dos EUA como a potência civilizacional do mundo aquela repetição ininterrupta das torres sendo derrubadas fizeram?  
Porém, Nora é otimista em relação a isso, talvez por escrever ainda em uma modernidade sem o advento da internet como temos hoje. Pra ele, dada a instabilidade pela quantidade de informações agora disponíveis, seria o Historiador o profissional mais apto a, de novo, reconduzir os indivíduos ao fato, aos eventos/acontecimentos circunscritos na massa disforme de imagens, sons e vídeos; posição difícil de sustentar na era do Whats App e das últimas eleições no Brasil. 
  


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