terça-feira, 22 de outubro de 2019

Museu de grandes novidades



Lendo “O evento modernista” senti que muitos questionamentos que tenho foram se assentando no que o autor propõe. Na atual conjuntura – e aí me vêm muito o que Mateus e Valdei falam no livro “Atualismo 1.0: como a atualização mudou o século XXI” – diversas ocorrências nos correm a ideia: “será que isto é um marco histórico?” ou “agora a rumo da História mudou?”, pela possibilidade de virtualização e acompanhamento imediato de tudo que ocorre no mundo. Sinto que o mistério do devir e as incertezas da contingência, são penetradas pela vontade de incessante de organizar esse presente, tentar entender como essa linha do tempo atual será explicada no futuro – talvez não tão longe.

Ao curso do texto, me veio em mente dois documentários nos quais nos últimos tempos marcou meu imaginário. Fiquei pensando que, a redemocratização da sociedade, que possibilitou vários agentes sociais terem suas vozes escutadas traz o desafio de reorganizar nossas narrativas, analisar os acontecimentos e superar suposições que até então foram mantidas firmemente pelo Estado Nacional. A diluição do poder e a construção de novas cidadanias, testam esse limite do que entendemos por democracia e me convida a repensar quais tipos de organizações sociais nos foram negadas ou negligenciadas até então.
O documentário da Petra Costa – “Democracia em vertigem” – foi um momento em que essa linha do tempo imaginária foi se construindo na minha mente. E aqui, se faz presente o que White disse quando:
“(...) O Modernismo resolve os problemas propostos pelo realismo tradicional, isto é, de como representar realisticamente a realidade, simplesmente abandonando o fundamento sobre o qual o realismo é construído, em termos de uma oposição entre fato e ficção. ”
A distinção que o autor fala sobre “real” e “imaginário” e que é colocado em suspensão ficou marcante nesse documentário, talvez seja pela possibilidade de ver na televisão os desdobramentos de um acontecimento que vêm penetrando o Existir desde 2013, onde foi possível a visualização dos mesmos acontecimentos nos quais participamos intensamente.

Outro documentário que me veio à mente ao longo da leitura, foi o “Espero tua (re)volta” produzido pela Eliza Capai e que retratada o envolvimentos dos jovens secundaristas na ocupação das escolas em São Paulo. Tendo em consideração as problemáticas propostas no texto e também os debates em entorno das discussões sobre redemocratização, visualizo o que Gertrude Himmelfarb diz com: “A História do jeito que você quiser” – representações da história nas quais tudo é possível”. Fico pensando na potencialidade dessa representação, onde jovens com subjetividades plurais puderam se expressar, dando a esses acontecimentos a possibilidade de demonstrar suas experiências da forma como foi vivenciada por tais.


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