O ano é 2018 e é ano eleitoral. PT aparece como culpado das
desgraças brasileiras. Enquanto o Partido dos Trabalhadores encarnava o demônio
(inclusive com divulgações em Facebook de supostos planos malignos para o
Brasil), Jair Bolsonaro surge como o Messias (inclusive com a justificativa de
seus eleitores de que o próprio nome do candidato confirmara seu envio por
Deus) que tiraria o país do buraco instaurado pelo partido teoricamente e
inconcebivelmente “COMUNISTA”. As redes sociais tiveram o papel fundamental na
eleição de Bolsonaro como presidente da república. O lema eleitoral “Deus acima
de tudo, Brasil acima de todos” refletia a espetacularização – nos termos
propostos por Nora – do evento supostamente ou não “histórico” que estava para
acontecer. Seus opositores defendiam que a História estava sendo escrita para o
regresso. Já seus apoiadores defendiam o caráter profundamente Histórico, quase
revolucionário para o país.
O fato
é que o sujeito que preside este país continental mostra-se cada dia mais
envolto nos delírios do espetáculo criado ao seu redor. As chamadas fake news caíram – criminosamente como
apontam as últimas notícias - nas conversas
de WhatsApp e Facebook de milhões de brasileiros e brasileiras que pareciam
viver o delírio de um novo tempo. Acabava-se o apocalipse promovido pelo
partido anterior e começava a bonança que seria trazida pelo Messias!
Respaldado por grandes redes televisivas do Brasil, Bolsonaro, sem aparecer em
debates e com um plano de governo superficial, elege-se e o delírio aumenta. A
espetacularização desses eventos, seja pelas fake news de WhatsApp e Facebook, seja pelo apoio – ainda que
velado – de redes de informação, surge como reflexo do fato de estarmos sempre
informados e sempre opinando sobre diversas situações que nos tiram a vivência
plena da experiência e promovem uma expectativa delirante.
Informação
e opinião aparecem como imperativo na experiência da atualidade, porém as
experiências se tornam rasas, menos críticas e o espetáculo dos eventos de
nosso tempo culminam num processo de suspensão do eu-histórico, em que tudo nos
é informado e o tempo já não existe enquanto experiência plena. A questão
perene a nós historiadores é como lidar com este delírio, em conformidade com o
tempo histórico. Feliz ou infelizmente a bonança não chegou em nosso país e não
estamos vivendo em harmonia geral entre animais selvagens como apontam as cartilhas
de algumas religiões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário