quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Pipoca – Texto – O Evento Modernista  

Em um diálogo com o texto do Pierre Nora, “O Retorno do Fato”, podemos dizer que Hayden White também compartilha da ideia de que o evento/acontecimento, na modernidade, se difere da forma como era processado em períodos anteriores. Entretanto, como de praxe, e ao contrário da visão otimista de Nora, o autor não vê o Ofício do Historiador como uma alternativa de estabilização e/ou forma de representar e orientar o acontecido. 
Usando como exemplo o Diretor Oliver Stone, com o filme JFK (1991), que foi duramente criticado por, dentro da construção da narrativa sobre o assassinato do então presidente americano, não deixar claro o que seriam fontes oficiais ou não, o que seriam imagens da época ou não, o que gerou, por exemplo, o fomento de teorias conspiratórias sobre as causas, motivos, autores e culpados sobre o caso. 
Porém, para White, isso não necessariamente seria um problema, pois, segundo ele, a História também possui, na sua formulação, elementos de ficcionalidade dentro da construção narrativa de um acontecimento/evento; seriam os pontos onde ou as fontes não chegam ou onde cabe ao Historiador o uso da interpretação e da subjetividade. Para ele, também, a forma da Narrativa Histórica não possui mais a capacidade de representar os acontecimentos/eventos dentro da dimensão  dos seus desdobramentos modernos, como no caso do Holocausto. 
Nesse sentido, se a História também é ou contém elementos de ficcionalidade e não consegue  mais abarcar todas as experiências de um evento/acontecimento dentro da Narrativa Histórica tradicional, pois a estrutura textual, que se limita à escrita, descrição e interpretação de um evento acontecimento, além de tudo, poderia também enfraquecer a luta contra o retorno de tais eventos/acontecimentos, encerrando-os no passado como História. 
Sendo assim, atitudes como a de Oliver Stone, de misturar fontes oficiais com não oficiais, imagens reais com recriadas, levantar suspeita sobre os desfechos do caso e alimentar possíveis teorias conspiratórias, não seriam algo errado em si, pois a própria História ou faz o mesmo, ou quando não faz, usando do método tradicional, não consegue representar e, consequentemente, despertar sentimentos cujo produto fosse a sensibilização do indivíduo face aos acontecimentos/eventos a fim de orientação. Isso tudo, claro, de acordo com a visão do autor em questão. 
  


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