segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

O Rio de Janeiro continua sendo...



https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/11/13/em-10-meses-rio-tem-6-criancas-mortas-por-bala-perdida-e-poucas-respostas-para-as-familias.ghtml

Rio de Janeiro, pedra do Arpoador, 05 de Outubro de 2019.
            Estava com um casal de amigos em Ipanema, pegando uma praia. Aquela coisa que só o Rio proporciona: praia, mate e biscoito globo. De quebra uma cervejinha para dar uma espairecida. E o sol na cabeça.
            O sol ia se pôr, seguimos em direção ao Arpoador, nós três e grande parte dos banhistas que ali estavam. É como disse, coisas que só o Rio proporciona, uma delas é assistir e aplaudir ao pôr do sol no Arpex. A multidão que ali se reunia, se acomodava para assistir ao espetáculo. Um drone surge do nada e começa a sobrevoar aquela região em que estávamos, na minha cabeça, aquilo provavelmente era alguém gravando vídeos para registros pessoais. Quando ouço, atrás de mim, vindo dum grupo de meninos que estavam afastados do restante das pessoas, o seguinte comentário “Pô Bolsonaro, não atira na gente aqui não”.
            Eu gelei e fiquei totalmente sem reação quando ouvi o garoto de pouco mais de 10 anos dizer isso. Pensei que, enquanto para mim era um drone insignificante, para ele era algo ameaçador, visto que pela sua entonação aquilo parecia ser algo frequente em sua vivência. O que cabe aqui refletir juntamente com texto de Berber Bervenage, é a respeito dessas vidas que são marginalizadas e são vistas como alvo o tempo todo, por serem negros, pobres e periféricos. Por viverem em lugar que é visto como “perigoso”. Perigoso pra quem?
            Vejo esses inúmeros casos de crianças sendo mortas com balas perdidas nessas operações truculentas e me lembro imediatamente do que Marielle Franco publicou antes de ser executada “quantos mais precisam morrer para essa guerra acabar? ”, pelo visto, muitos. Segundo o G1, em 10 meses o Rio teve 6 crianças mortas por bala perdida e nenhuma resposta às famílias. Essa violência vinda do estado mostra o quanto ainda não tivemos uma ruptura efetiva com os moldes da ditadura, a polícia mata o tempo todo e o Estado ajuda apertar o gatilho. Onde se encaixa a justiça nesses casos? E a História? Como podemos pensar em justiça histórica a partir dessas milhares de vidas que são tiradas por causa do racismo?

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