O
ano é 2019 e um encontro da cúpula da ONU se reúne em Madrid para ratificar o
tratado de Paris de 2015, o qual estabeleceu metas para redução gradual da emissão
de gases CO2 na atmosfera. O presente emergente que pauta o encontro na
Espanha tem como emergência a diretriz para os países se tornarem neutros na
emissão de gases até 2050. Desse modo, a matéria dessa semana aborda, mais uma vez,
o entendimento de que o homem está impactando nos desastres ambientais que
recorrentemente vem acontecendo nas últimas décadas, assim como está
contribuindo para o aumento brutal da temperatura do planeta com a emissão de
gases que poluem a atmosfera, desequilibrando os níveis dos mares com o
derretimento colossal das geleiras.
O
Secretário-Geral da ONU Antonio Guterres definiu como “guerra contra a natureza”
o voraz desenvolvimento baseado em fontes de energias não-renováveis. Tal
guerra foi discutida por Dispesh Chakrabarty como força geológica da agência humana,
que a partir do conceito de Antropoceno introduzida por Paul J. Crutzen e
Eugene Stormer no início do século XXI, trouxeram uma nova concepção sobre a relação
entre homem e natureza. Desde então acredita-se que estaríamos em uma nova era
geológica, pós-Holoceno – período geológico que teria surgido há 10 mil anos
atrás com a revolução agrícola.
O
ensaio de Chakrabarty intitulado O clima da História: quatro teses apresenta quatro
teses, onde no geral traz para o campo da história a necessidade de se pensar a
agência humana a partir da distinção iluminista de homem\natureza. Pensar as ações
humanas como forças da natureza, geológica, implica repensar concepções de
história a partir da espécie, ou seja, de passados anteriores à atribuição da
razão que teriam permitido a existência humana enquanto espécie – os processos
geológicos que permitiram a revolução agrícola e a guinada do homem posterior à
industrialização. Pensá-lo a partir de espécie permitiria compreender historicamente
o homem enquanto consciente de seu caráter antropogênico enquanto possibilidade
para o futuro da existência humana. Embora ainda seja de certa forma baseada no
especismo, mas contribuição importante para pensar nosso futuro enquanto
sociedade e a existência da história de forma sustentável e crítica em relação
a perspectiva humanista. O presente surge como emergência em um tempo onde as decisões políticas são cada vez mais curtas, estaríamos fadados a extinção futura pensando a esfera política como incapaz de acompanhar mudanças tão catastróficas?
Referências
Disponível em : <https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/12/01/e-preciso-acabar-com-a-guerra-contra-a-natureza-diz-chefe-da-onu.ghtml > Acessado em 3/12/19.
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