segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Pipoca: A operação historiográfica




A historiografia como uma operação localizada no tempo e no espaço





Ligar as ideias aos lugares, esta é, em princípio, a atividade que Certeau define como sendo o gesto do historiador. Para ele, a ação de compreender está antes de tudo relacionada com a análise de uma produção localizada, de forma que as operações do historiador devem ser compreendidas enquanto práticas relativas às estruturas da sociedade. Nessa interconexão entre objeto e observador, a história deve ser então encarada como uma operação que faz parte da realidade da qual trata e não como um saber que existe de forma transcendente ao mundo que o cerca.
Os atos de visualizar, ouvir, interpretar, representar não podem senão ser compreendidos fora da atmosfera temporal e das instituições que cercam o sujeito operante. Assim, a operação historiográfica é, ao mesmo tempo, um resultado e um sintoma da sociedade na qual se integra, sendo, portanto, produto de um tempo e de um lugar. O historiador ocupa nesse processo um lugar social que será responsável por constituir um determinado discurso sobre o passado, cujo discurso será moldado pelas instituições de saber que o cerca.
Nesse sentido, o saber histórico faz então parte de uma rede de elementos que se estabelecem de forma interdependentes entre si, de modo que a história é o resultado da combinação dinâmica desses fatores num dado momento temporal. Com isso, por trás de uma suposta totalidade histórica, se estabelece uma multiplicidade de filosofias individuais que carrega consigo os não-ditos, e que são encobertas por uma instituição do saber que vai além das escolhas individuais do próprio historiador.

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