sexta-feira, 20 de setembro de 2019

História e linguagem: um dilema ou uma possibilidade?


                       

Koselleck, ao apresentar o processo de temporalização e a semântica dos conceitos de movimento na modernidade, evidencia a relação de dependência entre as experiências que adquirimos e os atos de linguagem.
Quando lidamos com esse processo da linguagem ao trabalhar com as histórias passadas, enfrentamos também a necessidade de determinar as diferenças entre uma história que já passou e a sua reprodução por meio da língua, que é feita no presente. As condições e os fatores que entram na composição da história são exclusivamente mediados por ela. Por isso, o autor atribui tanta importância ao seu papel no plano da teoria e do método.
Desde o pós Revolução Francesa, principalmente, o “tempo” exerceu influência sobre o conjunto da linguagem, dando certo colorido ao que tangia o vocabulário político e social. Nesse viés, a história cada vez mais se produz, pensa em si como nova e reivindica um direito sempre crescente sobre o conjunto da história. Como consequência, nada podia ser pensado sem que houvesse a argumentação e sem a força dos conceitos, usados como instrumentos de controle do movimento histórico, modificando a forma funcional da linguagem sociopolítica.
Quando lidamos com a ideia de controle sobre os conceitos, podemos pensar o seu papel no estímulo de formação de conceitos voltados para direcionar, cujo os fins exigem uma perspectiva temporal de futuro. A temporalização oferece então subterfúgios, que tem suas bases no próprio historicismo e, com a ajuda dos conceitos que estão sempre em movimento, torna-se possível um certo desdobramento e deslocamento dos mesmos.
Assim sendo, a partir do intermédio da linguagem, escrevo a partir do que Koselleck propõe para pensar a possibilidade de criação de conceitos novos ou na possibilidade reformular os que já existem. Essa abertura no pensar e no reformular, por sua vez, são causadas pelas mudanças sociais e políticas que estão acontecendo hoje. É de fundamental importância entender que eles carregam uma possibilidade de formação de consciência, da crítica ideológica e da determinação do conhecimento.  
Ao lidar com essa possibilidade de mudança que está constantemente em movimento devido a contínua alteração no nosso espaço de experiência e das projeções feitas no horizonte de expectativa, trabalhamos também com a possibilidade de incluir e de inserir novos conceitos, novas ideias e novas possibilidades de pluralidades dentro da narrativa da história que, por muitas vezes e por muito tempo, foram negadas ou silenciadas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário