Em
seu livro The Birth of the Past Zachary S. Shiffman vai sustentar a ideia
de que a distinção entre passado e presente é o princípio fundador da história.
Para ele, essa distinção se fundamenta sobre algo mais do que simples anterioridade
no tempo, de modo que o passado não seria simplesmente anterior ao presente,
mas sim diferente dele. Assim, para a constituição desse “passado” seria necessário
que houvesse a consciência da existência das entidades históricas em contextos
históricos diferentes.
Dessa
forma, o autor vai defender que a existência do passado enquanto entidade exige
em uma diferenciação em relação ao presente, de forma que esse senso de
diferença implica necessariamente em uma concepção unitária de “o” passado. Nesse
sentido, essa concepção unitária do passado seria o que nos permite distinguir
sistematicamente entre passado e presente. Essa diferenciação pressupõe, antes
de tudo, a existência da própria ideia de anacronismo, a qual
difere e precede o nascimento do passado, que é, num sentido mais amplo, uma
noção histórica.
Para
Shiffman essa distinção efetiva só foi possível a partir do momento em que se
adquiriu uma visão relacional cartesiana da verdade. Podemos dizer
então que é exatamente desse ponto de vista relacional que a concepção de uma
sustentação de um passado emergiu, separando consistente e sistematicamente
passado e presente de uma maneira lógica.