domingo, 29 de setembro de 2019

Pipoca - The Birth of the Past


          Em seu livro The Birth of the Past Zachary S. Shiffman vai sustentar a ideia de que a distinção entre passado e presente é o princípio fundador da história. Para ele, essa distinção se fundamenta sobre algo mais do que simples anterioridade no tempo, de modo que o passado não seria simplesmente anterior ao presente, mas sim diferente dele. Assim, para a constituição desse “passado” seria necessário que houvesse a consciência da existência das entidades históricas em contextos históricos diferentes.
Dessa forma, o autor vai defender que a existência do passado enquanto entidade exige em uma diferenciação em relação ao presente, de forma que esse senso de diferença implica necessariamente em uma concepção unitária de “o” passado. Nesse sentido, essa concepção unitária do passado seria o que nos permite distinguir sistematicamente entre passado e presente. Essa diferenciação pressupõe, antes de tudo, a existência da própria ideia de anacronismo, a qual difere e precede o nascimento do passado, que é, num sentido mais amplo, uma noção histórica.
Para Shiffman essa distinção efetiva só foi possível a partir do momento em que se adquiriu uma visão relacional cartesiana da verdade. Podemos dizer então que é exatamente desse ponto de vista relacional que a concepção de uma sustentação de um passado emergiu, separando consistente e sistematicamente passado e presente de uma maneira lógica.

O passado que não para de marcar presença

Pensar sobre o passado é logo associa-lo com a passagem do tempo, como algo distante e morto, com a diferença dele em relação ao presente. Tudo isso é característico da interpretação Ocidental da história, a qual se sustenta, sobretudo, pela diferença entre passado e presente. Diferença essa, que encontra sentido na forma pela qual sustentamos a nossa linguagem cotidiana, por meio de conceitos, por exemplo, passado, presente, os quais englobam eventos, pessoas, mentalidades em distintas entidades que caminham para o progresso. Mas, Zachary Schiffmanna parte introdutória do seu livro The birth of the past Defined” coloca em xeque esses pressupostos em relação ao “passado”, em razão deste ser uma construção intelectual, diante disso, questiona a própria existência de “passado” como o concebemos.  
O “passado” como hoje o entendemos serviu para que os sujeitos se inserissem na história como diferença e assim  se situavam no tempo e espaço formando  suas narrativas, que definiam  o passado como aquele que já foi superado, que sempre está morto,  de maneira que o que nele estava contido, por mais que ainda refletisse continuidades no tempo presente, era silenciado, colocado à margem. Por outro lado, ainda hoje o presente não cessa de evidenciar que os silêncios desse passado reafirmam que ele não passou, acerca disso, englobar esse passado contido no presente, em um único passado, é de certa forma, contribuir para o silenciamento de que o passado possui múltiplas facetas. 
Facetas essas que mostram a multiplicidade do passado, sendo, assim, “passados” da maneira um pouco semelhante, tendo em vista as singularidades históricas, que os antigos pensavam essa entidade. Sintomático a essa multiplicidade de passados, temos não só as disputas de narrativas existentes hojeas quais tem por premissas a busca por passados, que atendam e se conformem a valores e cosmovisões particulares, seja de uma de uma instituição, seja de um sujeito; de forma, por vezes, irresponsáveis, mas também estruturas de desigualdade, intolerância, racismo que, mesmo com significativo conquistas, ainda se manifestam hoje.  

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Futuro de uma família: passado





            Koselleck, a partir do capítulo 13 de “Futuro Passado”, busca compreender como o conceito de “novo tempo” foi introduzido na ciência histórica. Para tanto, utiliza-se da linguagem enquanto a operação historiográfica de relação entre o que já se passou e de que forma trazemos tais fatos para o presente por meio de nosso código atualizado de linguagem.
            Recordo-me, a partir deste conceito de “novo tempo”, de minha avó (neta de ítalo-austríacos) e seu discurso de que nossos antepassados vieram em busca de uma nova vida em um novo tempo. Mas que novo tempo era esse? De acordo com ela, fugir da guerra e não passar fome já se enquadravam em um futuro desejado.
            Atualmente, no curso de história, me vejo em pensamento em profundo debate com minha finada avó no que tange ao que seria esse futuro para nossa família. Evidentemente o espaço de experiência de uma mulher nascida em 1923 é muito diferente do meu, nascido em 1998, porém encontro em mim muitos discursos que me ligam a meus antepassados. Koselleck aponta para a história das gerações em que as velhas histórias se tornam efetivamente velhas quando não se encontram mais testemunhas.
            Como poderia compartilhar do espaço de experiência que me liga aos meus antepassados imigrantes se vivo em tempos de aceleração e “progresso”? É no “novo tempo” em que se agregam as expectativas para o futuro, segundo o entendimento do século XIX. Para meus antepassados que se aventuraram a viver o “novo tempo” no Brasil, talvez o futuro estava cheio de progresso, porém o discurso sempre voltado ao passado revelam-me o quão passado é o futuro de minha família. A nostalgia e o saudosismo de uma época em que não viveram, me fazem refletir como a busca por um “novo tempo” de um grupo de pessoas ligadas pelo sangue, fazem o tempo parecer cada vez mais diacrônico, o futuro buscando as tradições passadas pelos nonnos e o presente vivido no discurso do passado.
             


sexta-feira, 20 de setembro de 2019

História e linguagem: um dilema ou uma possibilidade?


                       

Koselleck, ao apresentar o processo de temporalização e a semântica dos conceitos de movimento na modernidade, evidencia a relação de dependência entre as experiências que adquirimos e os atos de linguagem.
Quando lidamos com esse processo da linguagem ao trabalhar com as histórias passadas, enfrentamos também a necessidade de determinar as diferenças entre uma história que já passou e a sua reprodução por meio da língua, que é feita no presente. As condições e os fatores que entram na composição da história são exclusivamente mediados por ela. Por isso, o autor atribui tanta importância ao seu papel no plano da teoria e do método.
Desde o pós Revolução Francesa, principalmente, o “tempo” exerceu influência sobre o conjunto da linguagem, dando certo colorido ao que tangia o vocabulário político e social. Nesse viés, a história cada vez mais se produz, pensa em si como nova e reivindica um direito sempre crescente sobre o conjunto da história. Como consequência, nada podia ser pensado sem que houvesse a argumentação e sem a força dos conceitos, usados como instrumentos de controle do movimento histórico, modificando a forma funcional da linguagem sociopolítica.
Quando lidamos com a ideia de controle sobre os conceitos, podemos pensar o seu papel no estímulo de formação de conceitos voltados para direcionar, cujo os fins exigem uma perspectiva temporal de futuro. A temporalização oferece então subterfúgios, que tem suas bases no próprio historicismo e, com a ajuda dos conceitos que estão sempre em movimento, torna-se possível um certo desdobramento e deslocamento dos mesmos.
Assim sendo, a partir do intermédio da linguagem, escrevo a partir do que Koselleck propõe para pensar a possibilidade de criação de conceitos novos ou na possibilidade reformular os que já existem. Essa abertura no pensar e no reformular, por sua vez, são causadas pelas mudanças sociais e políticas que estão acontecendo hoje. É de fundamental importância entender que eles carregam uma possibilidade de formação de consciência, da crítica ideológica e da determinação do conhecimento.  
Ao lidar com essa possibilidade de mudança que está constantemente em movimento devido a contínua alteração no nosso espaço de experiência e das projeções feitas no horizonte de expectativa, trabalhamos também com a possibilidade de incluir e de inserir novos conceitos, novas ideias e novas possibilidades de pluralidades dentro da narrativa da história que, por muitas vezes e por muito tempo, foram negadas ou silenciadas. 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Pipoca 1 - A Operação Historiográfica

No prefácio da obra  A Operação Historiográfica, Michel de Certeau traça uma relação entre história e morte, numa perspectiva do passado ser um objeto morto, que acaba não influenciando no presente. Nesse caso, a historiografia tem como função separar o presente desse passado morto; esse gesto de divisão é sempre repetido, de forma que “cada tempo novo deu lugar a um discurso que considera morto”. No entanto, não é totalmente correto afirmar que o passado permanece completamente morto. É possível observar o passado não só como um corpo morto a ser estudado, mas como um passado vivo em nosso presente, um passado que, através de diversos tipos de manifestações, pode atuar como uma herança viva dos nossos antepassados. O samba como um gênero musical ilustra bem a ideia de um passado vivo, onde, segundo o historiador Luiz Antônio Simas, teria seu ritmo originário da rítmica africana. Além disso, o samba está relacionado com a formação social e cultural brasileira, pois, segundo Simas, faria parte de um complexo cultural como “experiência de reconstrução da vida em comunidade” dos africanos que foram retirados de sua terra e privados de sua cultura. Indo para além do espectro musical, nos dias de hoje podemos nos deparar com o samba em diversas manifestações culturais; como exemplo tem os sambas enredos presentes nos desfiles de carnaval e as rodas de samba, que são mais comuns na cidade do Rio de Janeiro. Ambas as manifestações são originárias dos sambas urbanos que aconteciam na cidade do Rio, entre o final da década de 20 e o início da década de 30. Vale lembrar também que muitas dessas manifestações tem função de reivindicação sobre o passado, valendo citar alguns sambas de enredo de desfiles de carnaval, como a musica Kizomba, Festa da Raça, da escola Vila Isabel, e A Diáspora Africana, da escola Rosas de Ouro. O nosso passado, apesar de, por um lado, ser um passado morto, por outro lado, ele ainda vive em nosso presente, podendo estar em nossa cultura; Como o samba, que ao mesmo tempo em que se mostra uma manifestação cultural do nosso presente, também está diretamente ligado ao nosso passado.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

O lugar da tradição na historiografia ocidental moderna.





Conforme Michel de Certeau, um dos elementos presentes no início do que compreendemos constituir a história ocidental moderna é o distanciamento entre o presente e o passado. Neste sentido, o passado passou a ser visto como um outro que deveria ser acessado por meio de sua presença na forma de vestígios, que seriam instrumentalizados pelo historiador para a produção da narrativa científica histórica. A morte do passado e o sucessivo distanciar-se de uma história magistra vitae, ruptura essencial dentro do conhecimento, possui de alguma forma ambiguidades ou questões que colocam em discussão pontos de suma importância para os profissionais do campo, tendo em vista suas potencialidades e desdobramentos na sociedade. É sabido e de certa forma consensual que a compreensão de tempo histórico é o que dá sentido à disciplina. Mas a preocupação dos historiadores em cair em anacronismos nem sempre é compreendida ou encontra-se presente no mesmo nível dentre outros grupos da sociedade; neste sentido, a tradição, embora seja um objeto de estudo presente na historiografia, possui grande influência no público geral, alimentando uma concepção de história diferente da história acadêmica. 


Em meados da década de 1970, o filósofo alemão Hermann Lübbe escreveu sobre a função da História, diante do questionamento de se haveria uma crise do saber. Lübbe chegou, entretanto, no entendimento de que ao invés de uma crise da História, haveria a busca de um conhecimento que diz respeito a todos. Isso pressupõe a necessidade de um alcance maior do conhecimento histórico acadêmico, considerando as implicações do conhecimento e do desconhecimento.  Uma história como mestra da vida, desconsiderando as singularidades do tempo histórico pode ser um problema, mas uma história que não tem o que ensinar pode ser um golpe contra a própria disciplina. Portanto, parece ser sensato que algo seja colocado  no lugar, visto que a tradição ligada a uma história como mestre possui grande força e papel orientador. Pensar sobre o lugar da tradição na história ocidental moderna é também um convite para se pensar sobre os limites do próprio campo e os caminhos que podem ser traçados diante de um mundo em constante troca e transformação. Pensar sobre o lugar da tradição na historiografia ocidental moderna envolve a necessidade de colocar em xeque o que Michel de Certeau lembra sobre o "não dito", para que novas epistemologias possam compor a construção de um campo do saber aberto para a realidade do mundo humano e das experiências históricas adjacentes. Por fim e é importante ressaltar que pensar sobre o lugar da tradição na historiografia não significa colocar perigosamente no centro do conhecimento a quebra dos pressupostos que dão sentido à ciência, como a singularidade dos tempos, mas incluir conhecimentos e percepções que por vezes são colocados à margem; este pode ser um caminho para que o saber acadêmico se aproxime do público comum, contribuindo para a difusão do conhecimento. 

Sobre essa inclusão – ou atualização –, escrevo a partir do que Michel de Certeau descreve como lugar, inerente à produção escrita da história, tendo em vista as escolhas que são feitas e o complexo sistema das sociedades onde é elaborada; recordando-nos sobre os erros cometidos ao longo da história da própria disciplina – etnocentrismos, epistemicídeos, etecetera – e abrindo portas para novos acertos e avanços na ciência histórica.

Nota: A imagem refere-se à capa do livro Apologia da História ou o Ofício do Historiador (Marc Bloch) na edição da Editora Zahar, produzida por Sérgio Campante.

Pipoca: A operação historiográfica




A historiografia como uma operação localizada no tempo e no espaço





Ligar as ideias aos lugares, esta é, em princípio, a atividade que Certeau define como sendo o gesto do historiador. Para ele, a ação de compreender está antes de tudo relacionada com a análise de uma produção localizada, de forma que as operações do historiador devem ser compreendidas enquanto práticas relativas às estruturas da sociedade. Nessa interconexão entre objeto e observador, a história deve ser então encarada como uma operação que faz parte da realidade da qual trata e não como um saber que existe de forma transcendente ao mundo que o cerca.
Os atos de visualizar, ouvir, interpretar, representar não podem senão ser compreendidos fora da atmosfera temporal e das instituições que cercam o sujeito operante. Assim, a operação historiográfica é, ao mesmo tempo, um resultado e um sintoma da sociedade na qual se integra, sendo, portanto, produto de um tempo e de um lugar. O historiador ocupa nesse processo um lugar social que será responsável por constituir um determinado discurso sobre o passado, cujo discurso será moldado pelas instituições de saber que o cerca.
Nesse sentido, o saber histórico faz então parte de uma rede de elementos que se estabelecem de forma interdependentes entre si, de modo que a história é o resultado da combinação dinâmica desses fatores num dado momento temporal. Com isso, por trás de uma suposta totalidade histórica, se estabelece uma multiplicidade de filosofias individuais que carrega consigo os não-ditos, e que são encobertas por uma instituição do saber que vai além das escolhas individuais do próprio historiador.

Pipoca - Texto - Operação Historiográfica: 

Em "Operação Historiográfica", capítulo 2 do livro "A Escrita da História", das várias reflexões que podem ser retiradas das questões abordadas por Michel de Certeau, talvez a mais importante e a que é o cerne da discussão seja o deslocamento da ideia de História como algo fora do seu lugar, exterior ao próprio objeto que estuda, ou seja, uma História sem historicidade, sem uma condição de ser-no-tempo, para uma condição de objeto de si mesma. Dada as especificidades dos séculos XVIII e XIX, com a Revolução Francesa, Revolução Industrial, consolidação dos Estados Nacionais dentre outros, a História, ou melhor, as Histórias, buscaram repostas Teórico-metodológicas para os novos desafios; uma História Iluminista que buscava se distanciar do passado para propor um "horizonte de expectativas" gestou cada qual a sua maneira as ideias de progresso seja no espectro Capitalista ou Marxista; uma Alemanha ainda inexistente ou recém unificada precisava de um passado e uma ideia de política como força motriz da ação humana, advinda com o Historicismo; um Imperialismo que precisava justificar seus empreendimentos coloniais usou de uma "marcha do espírito" rumo a liberdade sendo eles mesmo esse exército, dentre outros. Assim, na segunda metade do século XX, quando se descobre que a História também é fruto do seu tempo, começa a se questionar quais, como, onde, e por que se deram, de tal forma. 

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Pipoca 1 - "Uma entrevista com Ewa Domanska"

 A escrita enquanto ferramenta é instrumentalizada pela história de modo a permitir o acesso a temporalidades distintas da nossa. Viabilizando uma mediação entre sujeito e objeto canonizadas pela historiografia ocidental, de modo que se faz uma interpretação histórica de distintas culturas que, por vezes, não tem a escrita como núcleo comum de acesso e representação do passado, tal como é no Ocidente. Ou seja, possui outras ferramentas de acesso ao passado. Ewa Domanska ao defender uma vanguarda historiográfica considera esse aspecto da escrita, sendo, por isso, porta voz de uma demanda que há muito tempo já se faz presente na historiografia: A necessidade de trazer para o centro outras formas de manejo do passado, de forma a pluralizar as vozes que falam sobre esse objeto, tendo em vista que, por exemplo, para além da escrita os sujeitos deixam marcas ecológicas, possuem particularidades em lidar com as suas ancestralidades, fato que pode ressoar em sua lida com a história e dentre outras coisas, posicionam com diferentes grau de importância o tempo, a memória, a linguagem. No entanto, temos que o modo que se processa hoje a escrita da história se consolidou em torno de métodos em torna da escrita que em um primeiro contato se encontra fechado a inovações, como a sugerida por Domanska, porém é de suma importância que ela e também partidários dessa posição - de ampliar as vias de acesso ao passado-  se façam presente, a fim de, de um certo modo, legitimar o trabalho de pessoas que já pensam as temporalidades de maneira não ocidentalizada. 

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Pipoca – Artigo – Teses Sobre História e Teoria: 

De saída, já sabendo que o artigo se trata de uma crítica específica a um veículo de comunicação, e fazendo um paralelo com a entrevista da Ewa Domanska, pelo menos nesse contexto, parece exagerado a reação dos Historiadores. Não necessariamente a incorporação de uma escrita menos teórica pressupõe o fim da Teoria da História, como fazem parecer. Aliás, nem é preciso que uma exclua a outra. Não estendendo nessa mediação já que ela está presente na “Pipoca” da própria entrevista da autora, aqui o excesso de Teoria que é o objeto de crítica. A questão a se levantar poderia ser até que ponto é eficiente do ponto de vista pragmático uma História cuja amarração teórica é tão intrincada que a sua aplicação no cotidiano das pessoas “comuns” é quase impossível devido ao uso de uma linguagem muitas vezes inacessível; assim, a própria função da História como “orientação do agir – e sofrer – humano no tempo” é colocada em suspeita. Se esse tipo de História serve só a quem tem as ferramentas necessárias para a sua compreensão, a sua própria forma anula sua função. O que deveria, então, servir como base de orientação é justamente o que impede o seu uso pra tal fim. 
Pipoca I – Entrevista – Ewa Domanska: 

Se levarmos em conta o atual cenário da perda de legitimidade da História perante o público “comum’, hoje no Brasil, pensar em uma História mais sólida em termos de contato com o passado face a um revisionismo crítico que, em tese, deveria contribuir não com a relativização de períodos como a Ditadura Militar, mas da expansão do enfrentamento e combate aos seus saudosistas, é uma proposta válida. Porém, também sabemos que o mesmo contato com um passado sólido, em certa medida já dado pode, tal como o revisionismo, municiar movimentos do mesmo cunho Fascista hoje em ascensão. Nesse sentido, o caminho poderia ser uma mediação entre a revisão corrente que gera uma certa instabilidade e uma presença também crítica, mas partindo de pressupostos mais firmes; e na própria entrevista esse tipo de mediação é explicitado pela autora quando ela cita que já sabendo dos erros da História Estruturalista, cujas consequências dos regimes totalitaristas do início do século XX geraram como produto a própria Teoria Crítica agora posta em discussão. Seria, assim, o uso da crítica aplicada a essas formas mais presenciais da História justamente pra sanar as lacunas da Teoria Crítica usando a própria História da História em uma volta às formas mais sólidas do conhecimento; um não exclui o outro. 

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

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